sexta-feira, 3 de setembro de 2010

2a. Semana Literária - Encontro com o escritor Daniel Munduruku

Daniel escreve há 15 anos e tem mais de 40 livros publicados. Ele começou o nosso encontro , no dia 02/09, nos cumprimentando na língua do povo indígena Munduruku que depois traduziu para nós: "Boa tarde a todos os meus amigos e minhas amigas que estão aqui presentes. Espero que esse encontro seja tão bom pra vocês como vai ser pra mim".


Contou para nós muitas coisas sobre seu povo. Vai ser difícil traduzir aqui a sabedoria e o encanto desse encontro, mas vou tentar compartilhar algumas coisas.
Ele nos disse que na aldeia eles gostam muito dos velhos, dos avós. Para os povos indígenas chamar o outro de velho é um elogio, pois os avós são as pessoas mais importantes da aldeia, eles têm as histórias na cabeça. "São nossas prateleiras de livros", disse Daniel. Eles se tornam avós em torno dos 30 anos e é a partir desse momento que passam a ser chamados de velhos.


Lá na aldeia eles não se cumprimentam através de contato físico e sim através do olhar. Eles se olham e perguntam se está tudo bem. Fazem dessa forma, pois segundo seus avós nossos olhos são a única parte do corpo que não mente.
No Brasil são mais de 50 povos indígenas. Então, Daniel conversou conosco que não existe um único índio e nos sugeriu que passemos a comemorar o dia dos povos indígenas e não o dia do índio. "Há muitos povos diferentes, muitas formas de ser indígena, não é uma forma só".
Munduruku significa formigas gigantes. O povo Munduruku era conhecido como um povo guerreiro que se pintava com uma tinta escura feita com o óleo de jenipapo misturado com carvão. Esse povo tem atualmente mais ou menos 10 mil pessoas e estão situados no Pará.


Daniel mostrou para as crianças uma pintura de dia de festa, que fez no rosto utilizando urucum. Contou que se pintam, pois acreditam que o corpo tem que manifestar beleza e é também uma forma de entrar em contato com nossos criadores. Algumas tintas como o urucum são repelentes, então às vezes também pintam o corpo para se proteger dos insetos.
Ao terminar de se pintar, colocou um cocar e nos ensinou que o cocar é sempre feito de penas , pois o pássaro é um ser encantado da floresta cuja função é manter o equilíbrio da natureza, é um mensageiro que fica voando entre o céu e a terra. Eles entendem que uma pessoa que usa o cocar tem que ser equilibrada, uma pessoa que busca a verdade. Normalmente, quem usa mais o cocar é o cacique.
Nos ensinou também uma música que podemos cantar para reunir os amigos para brincar.


Contando sobre sua infância, nos falou sobre a força da palavra: "A palavra é mágica, tem força quando sai da nossa boca. Por isso, tem que ser muito bem pensada antes da gente dizer. Quando sai não volta mais e pra isso a gente inventou a desculpa. A nossa palavra tem que ser de construir as pessoas e não de destruir".
As crianças fizeram perguntas sobre seus livros e sobre algumas coisas que queriam saber sobre a cultura indígena.


Quando uma aluna perguntou se ele gostava de ler, ele respondeu que adora e mostrou para as crianças os livros que trouxe para ler no caminho até a nossa escola. Considera que foi a leitura que fez com que ele conquistasse o gosto pela escrita.

Foi um imenso prazer ter a participação do Daniel Munduruku na nossa 2a. Semana Literária. Foi um encontro maravilhoso do qual vou me lembrar sempre com muito carinho e encantamento e acredito que as crianças também. XIPAT!

Obrigada, Daniel!

Para saber mais leia os livros escritos pelo Daniel e visite seu blog: http://danielmunduruku.blogspot.com

Um comentário:

  1. O encontro com Daniel Munduruku foi mágico. Durante a conversa que ele teve conosco, fui me sentindo como uma criança em uma aldeia indígena, absorvendo a sabedoria do mais velho. Aprendi muito e acredito que os alunos também pois seus ensinamentos atingiam a todas as idades. Pena que o tempo passou rápido demais...
    Obrigada, Daniel!
    Sua presença deu um toque especial à nossa Semana Literária.

    Sônia Regina Oliveira
    Profª do 4º ano A da EMEF Maria Berenice dos Santos

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