quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A todos do Berê (isso inclui os que já foram de lá...)

O primeiro post de 2012 será com o sabor amargo da despedida.
Esta foi a primeira semana de aula e minha última semana no Berê. A partir da semana que vem assumo como coordenadora pedagógica na EMEF Pracinhas da FEB.
Estou muito feliz pela possibilidade de viver um novo desafio numa escola pela qual tenho muito carinho, mas como está sendo doloroso deixar o Berê!!!!
Este ano completo dez anos de Rede Municipal dos quais pouco mais de oito foram vividos na EMEF Profa Maria Berenice dos Santos. Quando cheguei a escola ainda era de lata, hoje já é de alvenaria. Desde o primeiro momento me senti acolhida, encontrei parceiras incríveis de trabalho e criei vínculos de amizade com pessoas mais que especiais. Foi lá que tive a oportunidade de desenvolver vários projetos, sempre com o apoio de todos, mesmo daqueles que não estavam envolvidos diretamente. O último deles então, a Semana Literária, foi um projeto onde todos se envolveram e fizeram tudo o que puderam para que cada etapa acontecesse da melhor forma possível. E fico muito feliz de saber que ele terá continuidade mesmo com minha saída.
Outra coisa que me deixou muito feliz foi saber que a Profa. Ana Paula Ornaghi assumirá como Professora da Sala de Leitura. Quando a gente ama muito alguma coisa e precisa deixá-la, quer que esteja em boas mãos. E, tenho certeza de que estou "passando o bastão" para mãos muito cuidadosas. Obrigada, Ana e conte comigo para o que precisar!
Apesar de ser meu local de trabalho, não vivi lá apenas situações profissionais, mas também dividi frustrações, comemorei conquistas, aniversários, criei vínculos, participei de momentos difícieis e importantes de muitos... E hoje não foi fácil estar junto para a comemorar o encerramento dessa minha etapa lá. Foi bom, muito bom receber o carinho de pessoas de quem gosto tanto, mas assim como a Mel, da história "Nós", da Eva Furnari, passei esses dias com um nó na garganta, principalmente hoje e consegui aguentar o nó me apertando até a última aula, mas foi só entrar no carro e virar a esquina, que as lágrimas desabaram. Agora diria que o nó está mais frouxo, mas as lágrimas ainda não foram suficientes para eliminá-lo...rs
Vou sentir muita saudade de cada um dos professores, dos funcionários, da equipe gestora, de cada um dos meus queridos alunos. Hoje, um deles pegou minha mão, deu um beijo e disse: "Isso é pra você lembrar de mim". E este é só um entre os gestos e palavras de carinho que recebi deles esta semana. Dá pra não sentir falta?
Mas como prometi, por estar tão perto, não deixarei de fazer visitas para acalentar esta saudade.
Agradeço muito pelo carinho e pelas palavras com que todos vocês me presentearam nesses últimos dias.

Amo vocês, povo do Berê!!!!

Com carinho,
Dani

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Aulas de música passam a ser obrigatórias na rede pública em 2012

Tomo a liberdade de postar aqui neste blog uma discussão a respeito do ensino de música nas escolas que passa a ser obrigatório em 2012. Essa discussão aconteceu no programa NBlogs de hoje da Record News e do qual fui convidada para participar.
Gostei muito de estar lá, estava nervosa, mas a apresentadora Fabiana Panachão me deixou super à vontade e conduziu o programa com muita competência.
Na minha fala cometo um equívoco com relação à data dos Parâmetros Curriculares Nacionais, que é 1996. Estava com a data da lei do ensino de música obrigatório na cabeça que é 2008 e misturei as informações. Mas fica aqui a correção.

domingo, 20 de novembro de 2011

19/11 - Bate-papo com o escritor Ricardo Azevedo

Tivemos o prazer de receber em nossa escola o escritor Ricardo Azevedo para um bate-papo com os professores e a equipe da escola.
Ricardo começou incitando-nos a pensar sobre o tempo em que vivemos e a exercitar nosso olhar crítico ao analisá-lo. Segundo ele, vivemos num tempo absolutamente técnico o que nos faz olhar o mundo e a vida sob a lente do controle, da estatística, da impessoalidade, da precisão, do êxito. Dentro desse pensamento, não cabe a Arte nem tampouco a Literatura. A Literatura trata de assuntos que não são tratados pela técnica: paixão, autoconhecimento, aprendizados da vida... Pra que serve a saudade, a amizade? A vida não tem a lógica da técnica.
Enquanto educadores, precisamos pensar como a Literatura entra na escola. A função da Literatura e da poesia é trazer os temas humanos para escola. As artes humanas se dão em relação, são imprecisas, impalpáveis, não são estanques diferentemente das Ciências exatas. O homem só existe enquanto ser humano em relação com outros homens, sozinho ele não é nada. Essa conversa foi entremeada por algumas reflexões do sociólogo Norbert Elias.


Ele também compartilhou conosco algumas ideias do livro "A cultura do narcisismo: a vida americana numa era de esperanças em declínio", de Christopher Lasch para pensarmos a respeito do papel da escola como um lugar de reflexão do modelo cultural vigente em nossa sociedade.
Uma das coisas que Lasch diz, ao descrever o homem moderno, é que ele pensa em viver para si, não para os que virão a seguir ou para a posteridade. Isso gera uma perda de sentido da continuidade histórica e desinteresse pelo futuro e provoca o isolamento do eu numa tendência da cultura da solidão total. Outro ponto trazido por Lasch é uma super valorização da própria imagem como um objeto vendável, enquanto o "eu" interior é absolutamente ignorado.
Dentro dessa cultura de valorização da tecnocracia, o processo também é algo ignorado, valorizam-se as respostas prontas e os resultados imediatos.
Estamos formando pessoas para continuar esse mundo como ele está ou para transformá-lo num mundo melhor? Queremos uma escola que forme técnicos consumidores e despolitizados ou uma escola que forme sujeitos criativos e politizados capazes de criar seus próprios projetos pensando na construção de um futuro que será construído por eles?
Para isso, a escola tem o importante papel de desenvolver o pensamento crítico. Não o fazendo, estará formando analfabetos sociais.
Pensando nos textos, o texto de um livro didático tem por objetivo que 100% dos leitores tenham a mesma interpretação, sendo portanto um texto mais objetivo e impessoal. Os textos literários possibilitam a formação de subjetividades, são plurissignificativos e permitem ao leitor o desenvolvimento de sua expressividade.
Dentro do universo literário existem linguagens mais populares e linguagens mais eruditas, cabe a escola mostrar isso aos alunos, evitando a construção de hierarquizações que coloquem um texto como superior ao outro por sua linguagem. Ressaltando que nem tudo é compreensível e que diferentes leituras exigem diferentes leitores, às vezes requerem mais experiência, conhecimentos específicos.
Ricardo também compartilhou conosco as reflexões de Wolfgang Iser no livro "O fictício e o imaginário: raízes antropológicas da literatura", pensando nos seres humanos como seres com perguntas, por meio das quais constroem a cultura, buscando por meio da ciência, das religiões, da literatura respostas provisórias a elas. Provisórias, pois nosso ponto de chegada e de partida são lugares desconhecidos e imprevisíveis, além de estarmos em constante mudança, que decorrem de nossas experiências de vida.
Falamos muito, para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, da distribuição de renda, mas raramente se fala na distribuição de conhecimento.
A escola neste momento em que estamos vivendo tem funcionado como um "pronto-socorro" da sociedade. Há que se chegar o momento em que se pratique a "medicina preventiva", o que envolve um processo de mudança e por ser um processo não acontecerá da noite para o dia e nem em curto prazo. O importante é termos em mente que somos construtores desse processo por meio de nossas ações diárias.
Vou encerrar este relato com uma sugestão de um livro do Ricardo que acabei de ler e achei maravilhoso:


Obrigada, Ricardo!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

3a. Semana Literária - Nosso "Muito obrigado"!

A 3a. Semana Literária acabou, mas a alegria, os aprendizados, o encantamento, a magia e o amor pela leitura permanecem conosco.
E que delícia que foi! Cada encontro foi especial e muito, mas muito precioso. E, mais uma vez, já dá para sentir que nossos objetivos estão sendo atingidos, alunos pegando cada vez mais livros emprestados e lendo, lendo, lendo!
Este ano foram quinze dias mergulhados no universo da leitura, que começaram a ser preparados no início do ano. Foi preciso muito trabalho, muita dedicação e a colaboração de muita gente para que tudo acontecesse, e valeu a pena cada segundo.

Não podemos deixar de agradecer a todos que colaboraram para que a 3a. Semana Literária acontecesse:

Ao estabelecimento Fernando Maluhy, representado na pessoa do Sr. Fernando, que colaborou para que pudéssemos fazer um porta-livros para presentear nossos convidados.
À D. Vani, que carinhosa e habilidosamente costurou os porta-livros. Ficaram lindos!
Ao Paio Birolini, que gentilmente cuidou de toda a parte gráfica: convites, programação, certificados...Um trabalho magnífico!
À minha querida e amada irmã, cujo apoio foi indispensável e valioso!
À Secretaria Municipal de Educação (DOT-Salas e Espaços de Leitura), representada pelas queridas Fátima, Ivone e Silvana, pelo apoio de sempre!
Ao Prof. Edson e ao Prof. Ricardo, da equipe de DOT da DRE Campo Limpo, por prestigiarem nosso trabalho.
À Diretora Joelma, que deu todo o apoio necessário para que este sonho se concretizasse.
A todos os funcionários da EMEF Profa. Maria Berenice dos Santos que se envolveram e trabalharam para que tudo saísse da melhor maneira possível.
Aos professores, que mesmo com toda a bagunça da reforma, foram meus parceiros no trabalho durante todo o ano e prepararam um belíssimo Sarau!
Ao Sr. Anilson e ao Sr. Ivânio que nos ajudaram com o transporte dos nossos convidados. Foram muito elogiados!
Aos queridos autores, ilustradores e contadores de história, mais uma vez, nosso muito obrigado e nossa admiração eterna!
Aos nossos alunos, por quem vale a pena cada dia de trabalho e esforço dedicado!

domingo, 25 de setembro de 2011

23/09 - Encontro para os pais - com Dr. Dario Birolini

No dia 23/09, encerramos a programação da 3a. Semana Literária com um encontro destinado aos pais e comunidade.
Convidamos para esse encontro o Dr. Dario Birolini, que é Professor Emérito da Faculdade de Medicina da USP e autor de inúmeros livros médicos sobre vários assuntos como prevenção de acidentes e atendimento de urgência.
Dario iniciou a conversa com os pais fazendo uma apresentação de uma análise crítica da prática médica nos dias atuais.


Pudemos observar algumas mudanças que vem ocorrendo na prática da medicina ao longo dos anos devido ao impacto do crescimento da população de idosos na demanda por assistência à saúde, às informações muitas vezes distorcidas veiculadas pela mídia, aos interesses da indústria farmacêutica, à quebra da relação médico/paciente, a atendimentos superficiais e à solicitações excessivas de exames laboratoriais em detrimento de um atento exame clínico.
Atualmente é investida uma grande quantidade de recursos para prolongar a vida do paciente. A morte é vista como um fracasso, é algo inaceitável e espera-se que o médico faça de tudo para prolongar ao máximo a permanência do paciente nesta vida. Vida? O que acontece na realidade é que se confunde prolongamento da vida com prolongamento do sofrimento.
Além disso, muitas das "doenças" de hoje são, na realidade, consequências de maus hábitos de vida, tais como: alimentação errada, vida sedentária, tabagismo, uso de álcool, vida profissional desgastante, uso de medicamentos sem prescrição médica, entre outros. E não é tomando remédio que vamos tratar dessas doenças, mas sim mudando nossa rotina, adquirindo hábitos saudáveis e cuidando daquilo que é extremamente importante para cada um de nós: nossa saúde! Se cuidarmos da saúde, raramente precisaremos cuidar das doenças.
Ao longo do tempo houve também uma mudança na relação médico/paciente e hoje o médico é visto mais como um provedor de serviços de saúde e o paciente como um usuário e/ou consumidor dos Sistemas de Saúde. Os pacientes já chegam ao médico dizendo quais exames ele deve solicitar e que remédios ele deve prescrever, pois antes da consulta com o médico, já consultou o Dr. Google, os vizinhos, as informações divulgadas pela mídia.
Dr. Dario destacou a importância de termos um médico que nos acompanhe em vez de nos consultarmos cada vez com um profissional ou de termos vários profissionais cuidando de nossa saúde ou ainda de recorrermos a um pronto-socorro. Obviamente sabemos que para quem depende do sistema público de saúde isso é um pouco complicado, mas como bem pontuou o Dr. Dario é importante conversarmos com o médico que nos atende no posto e tentarmos criar um vínculo com ele ou com a equipe para que possamos ser acompanhados.


Também é muito comum atualmente a solicitação de muitos exames de laboratório (muitas vezes sem necessidade) em detrimento de um bom exame clínico. As consequências disso são desde o efeito que podemos sofrer pela realização do próprio exame: a exposição à radiação, por exemplo, que pode provocar câncer até o uso de medicamentos por "achados" de exames, muitas vezes irrelevantes.
Dr. Dario deu uma recomendação extremamente importante: não utilizar medicamentos sem recomendação médica, o uso deve ser feito quando extremamente necessário, pois todo tipo de medicamento tem efeitos colaterais. Tomar remédio sem orientação e acompanhamento também pode mascarar sintomas e dificultar o diagnóstico da doença. Além das interações medicamentasosas que vão gerar outros sintomas, fazendo com que o paciente entre num círculo vicioso. Nos sites a seguir, que estão em inglês, é possível consultar os efeitos colaterais e as interações dos medicamentos: www.drugs.com e www.medscape.com
Ao final da apresentação, os presentes puderam tirar suas dúvidas com o Dr. Dario que atendeu a todos eles com muita atenção e carinho. Somos muito gratos!

Termino este relato com duas citações trazidas por ele:

"...a ciência não consiste apenas em saber o que se deve ou se pode fazer, mas também em saber o que se poderia fazer mas que, talvez, não se deva fazer". (Umberto Eco)

"O futuro depende daquilo que fazemos no presente". (Mahatma Ghandi)

E com uma dica de leitura também dada por ele durante o encontro: